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Menopausa: estudo diz que apenas 50% das brasileiras fazem tratamento

Especialistas alertam que o tratamento adequado é a principal forma de reduzir os sintomas e evitar problemas futuros.

Redação PIXTV (Digital)

14 de agosto de 2023

atualizado às 09:29

A menopausa marca o fim da vida reprodutiva no sexo feminino, podendo ser definida como a ‘última menstruação'. | Foto: Reprodução/Freepik

De acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Climatério (Sobrac), somente 50% das mulheres na menopausa fazem o uso de algum tratamento no Brasil. Apesar de ser um período importante e inevitável na vida da mulher, os resultados do estudo mostram que o assunto ainda é pouco discutido e encarado como um processo natural.

Em entrevista ao Brasil 61, o doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani, enfatiza que é preciso ter consciência de que a falta de cuidados ou até conhecimento sobre o assunto afeta de maneira significativa a saúde mental e física, com sintomas que podem incomodar bastante neste período. “Podem ocorrer ganho de peso, por haver uma queda abrupta no metabolismo; depressão; distúrbios do sono; asma pós-menopausa; secura vaginal, com dores no ato sexual; e até mesmo osteoporose”, pontua.

O médico lamenta que a maioria das brasileiras não faz o tratamento hormonal adequado e esclarece que as consequências podem ser graves, como a osteoporose pós-menopausa, que costuma ser recorrente. Ele acrescenta ainda que a menopausa deve ser encarada como um momento natural na vida de uma mulher.

“A menopausa é o evento que marca o fim da vida reprodutiva no sexo feminino, podendo ser definida como a ‘última menstruação’. Neste período de transição, em que a mulher passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa, chamado de climatério, é bastante comum o surgimento de uma série de sintomas desagradáveis.” Mas, apesar de ser uma fase difícil, Cadegiani revela que é possível amenizar os sintomas do climatério através do tratamento adequado e passar por este período com boa qualidade de vida.

O presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, diz que o tratamento mais fisiológico da menopausa é a terapia de reposição hormonal por meio de uso dos estrogênios. “A mulher quando ela perde esses hormônios nós damos de novo. É bem simples esse conceito. Pode fazer reposição também da própria progesterona, mas o ator principal é o estrogênio”. O médico explica que a terapia de reposição hormonal é recomendada para as mulheres que têm sintomas e existem objetivos claros para o uso da terapia: “Melhora dos sintomas, previne atrofia da vagina e prevenção da osteoporose”, revela.

Segundo Bonassi, os sintomas iniciais são as irregularidades da menstruação e isso se alonga até o momento em que a mulher para de menstruar. “Quando isso ocorre, a mulher tem os famosos fogachos, onda de calor que ocorre no período noturno, é uma onda súbita que ocorre na região do tórax, vai para a cabeça, podem aparecer placas avermelhadas e depois esse calor se dissipa e acaba tendo uma onda de frio”, detalha.

Garben Hellen Ferreira da Silva, de 60 anos, é aposentada e conta que começou a fazer a reposição hormonal há cinco anos, após se sentir mal com as ondas de calor típicas da menopausa. “Eu comecei com os fogachos, minha pressão arterial subiu e eu que não tinha nada de pressão comecei a ficar triste, a minha libido diminuiu bastante e quando eu fui na minha endocrinologista e fiz os meus exames hormonais, eles estavam baixos, minha progesterona, minha testosterona, meu estradiol”, cita.

Após iniciar o tratamento, ela conta que sua vida melhorou bastante. “Hoje eu não tenho mais aqueles fogachos, não tenho mais aquela depressão e, obviamente, tudo associado a uma academia, tomar vitamina D, tomar sol, é todo um conjunto porque, a partir desse momento, você pode ter uma série de outros problemas e a gente tem que prevenir com a reposição hormonal. Pra quem é indicado a reposição hormonal, eu indico que faça. Muitos dos sintomas acontecem pela falta do hormônio”, ressalta.

Menopausa precoce

O conhecimento dos sinais e sintomas permite cuidados individualizados e ainda melhora a qualidade de vida e o bem-estar das mulheres. A faixa etária média para a mulher entrar na menopausa é entre 48 e 52 anos. Quando esse processo ocorre antes dos 40 anos, o doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani, diz que é classificado como precoce. “A menopausa precoce é considerada quando é abaixo de 40 anos, mas abaixo de 45 a gente já considera que podem existir diversos problemas”. 

De acordo com o especialista, mulheres que entram na menopausa antes dos 45 anos e que não repõem os hormônios podem ter complicações. “Aumentam muito os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes, doenças metabólicas em geral e, possivelmente, fora a parte da psiquiatria como doenças mentais, o alzheimer e a demência. Hoje, repor para mulheres com menos de 45 anos é mandatório — não repor é considerado uma negligência médica. E tem sido cada vez maior a incidência de mulheres com menopausa precoce”, relata.

Conforme o presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, cada caso precisa ser avaliado individualmente. “Tem mulheres que não vão ter sintomas e existem aquelas que não podem fazer a terapia hormonal”. Ele explica que existem contra indicações: “A mulher que já teve câncer de mama é contra indicado para a terapia de reposição hormonal, bem como as que mulheres que têm doenças cardiovasculares, doenças do fígado e cirrose hepática, por exemplo”, alerta.

O médico Cadegiani ainda acrescenta “É importante falar que os ovários não morrem por inteiro. Então, mulheres que tiraram os ovários, por exemplo, têm mais sintomas de menopausa e têm maior risco de problemas associados ao pós-menopausa do que mulheres que entram na menopausa, mas não retiraram os ovários”, completa.

Garben Hellen reforça que é preciso valorizar a vida das mulheres adultas e combater o preconceito de idade. ”É preciso se cuidar, se gostar e viver essa nova fase que não te impede de nada. Eu continuo com a mesma vaidade de sempre e a mesma disposição”, revela.

Os especialistas lembram que a terapia de reposição hormonal deve ser prescrita por um médico após avaliação individual. Já os benefícios e riscos dessa terapia podem variar dependendo da saúde, histórico clínico e preferências da paciente.  

Fonte: Brasil 61.

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