De acordo com dados do Observatório FIESC, Santa Catarina registrou o quarto recuo seguido das exportações devido à desaceleração da economia global, que reduziu a demanda por produtos catarinenses. Em outubro, o Estado exportou US$ 826,7 milhões, valor 11,2% menor que no mesmo período do ano passado.
Conforme o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, as carnes de aves tiveram a maior redução no mês passado (16,8%). Ele aponta que a queda na demanda do Japão, um dos principais compradores do produto, está entre os fatores determinantes para esse impacto no mercado internacional. "No país, a desvalorização cambial e a inflação ainda persistente têm diminuído o consumo da famílias”, afirma.
Já as exportações de carnes suínas foram impactadas negativamente pela redução na demanda do principal comprador, a China. Neste ano, os criadores de suínos chineses aumentaram a quantidade de animais para o abate, antecipando um crescimento no consumo interno que não se concretizou.
Diante do aumento da oferta nacional, o país asiático reduziu suas importações do produto, resultando na queda de 65,4% nas exportações do Estado em comparação com o ano anterior.
Por outro lado, Santa Catarina ampliou as vendas do produto para as Filipinas, que se tornaram o segundo maior comprador e se igualando ao montante exportado para a China nos últimos três meses.
Cenário global
A crise econômica na Argentina também impactou o comércio exterior catarinense que, devido às dificuldades na balança de pagamentos, registrou queda de 33,4% nas compras vindas de Santa Catarina, em relação ao mesmo mês do ano passado. Produtos do setor de metalurgia e metalmecânica, como revestimentos de ferros laminados planos, fios de cobre, aços laminados planos e ferros laminados a frio, foram os mais afetados.
Esse cenário também tem a contribuição dos elevados níveis das taxas de juros nas economias avançadas, em especial nos Estados Unidos, que seguem restringindo as exportações de insumos para a construção civil. Em outubro, os principais impactos foram sentidos nas vendas externas de obras de carpintaria para construções, revestimentos cerâmicos, móveis para dormitórios e produtos em madeira.
Apesar dos resultados negativos, Santa Catarina teve destaque nas exportações de grãos e seus derivados, devido às safras recordes de soja e milho registradas em 2023. Na análise interanual, houve aumento dos embarques de soja para a China, farelo de soja para o Irã e de milho para a Coreia do Sul e para países do Oriente Médio.
A diminuição do comércio portuário foi parcialmente compensada por fluxos em outras vias de transporte. “O Estado aumentou as exportações para a Bolívia e o Paraguai, onde prevalece o modal rodoviário, e para o Chile, que ampliou as compras de navios de pesca, transportados por meios próprios. Mesmo com a perda recente de participação, Estados Unidos e China permanecem como os principais destinos das exportações catarinenses, com 14,3% e 12,1% do total comercializado em outubro, respectivamente”, ressalta Camila Morais, economista do Observatório FIESC.
Importações
Do lado das importações, foram comercializados US$ 2,2 bilhões em outubro. Em comparação com mesmo período de 2022, houve um recuo de 15,2%, também impulsionado pela redução dos fluxos de comércio. Além disso, o resultado também reflete os impactos do processo de desinflação global sobre os preços de importação.
Nos últimos meses, as principais economias mundiais reduziram a demanda por insumos industriais. Produtos eletrônicos, como semicondutores, circuitos integrados e aparelhos de eletrodiagnóstico tiveram redução de preço médio ao longo de 2023. Houve também produtos que apresentaram queda na quantidade importada, como, por exemplo, os veículos automotores. As dificuldades enfrentadas pelas montadoras Argentinas, principais fornecedores do Estado, contribuíram para o recuo, de 84,3% nas importações de modelos utilitários vindos do país.
No entanto, houve aumento das importações de insumos para a agricultura e para as indústrias de material plástico, impulsionadas pelo aumento dos níveis de produção em 2023. Produtos como fertilizantes nitrogenados e potássicos e de pesticidas e de plásticos, como polímeros, em especial de etileno, propileno, cloreto de vinilo e estireno foram os destaques do mês.