Na última semana, montadoras como a Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai precisaram parar a produção e colocar funcionários em férias coletivas, enquanto as vendas de automóveis registram desaceleração. As montadoras dizem que estão ajustando a produção à nova demanda do mercado, que se reduziu com o aumento dos juros e encarecimento dos financiamentos.
Comprar um carro novo nunca foi barato no Brasil, mas até pouco tempo atrás, era possível fazer um financiamento em 24 ou 36 vezes que o cliente já saia da concessionária com um carro novo. Efeitos da pandemia da Covid-19 e o pós-pandemia encareceram produtos usasdos para montar os carros novos e, outros fatores vem encarecendo o poduto e dificultando o financiamento.
Além disso, o aumento dos juros também estão prejudicando o mercado. Para ter uma ideia, o juros subiu em 2,2% ao mês no fim do ano, o dobro da taxa básica de juros, a Selic. Financiar um carro era uma alternativa viável para comprar, agora com os juros subindo, é muitas vezes, impensável.
Até o ano passado, 70% dos carros vendidos no Brasil eram com financiamento 30% à vista. Hoje, atua invertido. Só 30% de financiamento e 70% à vista, ou seja, o cliente não tem mais condições de bancar um financiamento.
Embora as montadoras estejam com muitos carros disponíveis para venda - o que deveria melhorar a situação para a compra desses carros pela população, analistas dizem que as montadoras não podem abrir mão das margens de lucro por conta do momento que viveram durante a pandemia de Covid.
Com custo de produção em alta devido aos entraves logísticos e falta de matéria-prima durante os últimos anos, as empresas precisam recuperar o "dinheiro perdido". Ainda que as cadeias logísticas tenham melhorado em 2022, houve a guerra na Ucrânia que trouxe novos impactos em preços de commodities necessárias para a indústria.
É o caso de metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela condução das correntes elétricas. São chips indispensáveis para a montagem de automóveis e eletroeletrônicos — que também tiveram aumento de demanda durante a pandemia.
Entenda
Até 2021, as montadoras brasileiras foram obrigadas a reduzir a produção de veículos por causa de problemas setoriais, como a falta de componentes . Agora, o ritmo da fabricação de automóveis voltou a cair no país, mas por outra razão. “A demanda está reduzindo”, diz o consultor Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, especializada no setor automotivo.
A venda esperada para janeiro de 2023 era de 144 mil carros. Ela ficou em 130 mil, porém, segundo dados do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Em fevereiro, a expectativa era de comercialização de 131 mil automóveis, mas não ultrapassou os 120 mil. “Ou seja, houve uma redução de 25 mil unidades sobre a previsão para esses dois meses”, afirma Pagliarini.
Para o consultor, é por causa dessa redução que as fábricas estão dando férias coletivas para seus funcionários. “A falta de componentes ainda pode estar interferindo, pontualmente, na produção, mas, agora, o volume total está caindo por causa do poder aquisitivo das pessoas”, diz. “Os veículos também estão muito caros.”
Paralisação
Na segunda passada (20) a General Motors (GM) e a Hyundai anunciaram paralisações em suas linhas de montagem. A Hyundai informou que concederá férias coletivas de três semanas para os trabalhadores dos três turnos da unidade de Piracicaba, no interior de São Paulo. Ali, são fabricados os modelos HB20 e Creta. O motivo alegado para a interrupção foi o ajuste de estoques.
Na quarta-feira da última semana (22), a Stellantis divulgou que dispensaria por 20 dias os funcionários do segundo turno da fábrica da Jeep, em Goiana, em Pernambuco. Já nesta semana, os trabalhadores do primeiro e terceiro turno param por dez dias. Nesse período, será interrompida toda a produção dos SUVs Renegade, Compass, Commander, além da picape Fiat Toro.
A GM vai suspender a produção da picape S10 e do SUV Trailblazer, em São José dos Campos (SP), entre 27 de março a 13 de abril.
Em fevereiro, a Volkswagen anunciou férias coletivas em três de suas quatro fábricas no Brasil. As unidades de São Bernardo do Campo (SP), São José dos Pinhais (PR) e São Carlos (SP) ficaram paradas por dez dias. Apenas a indústria em Taubaté, no interior paulista, continuou operando.
Fontes: G1.com/ Metropoles.com / autopapo.Uol.com