A Polícia Civil concluiu na semana passada o inquérito que apurava as causas do rompimento de um reservatório de água da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) em Florianópolis em setembro do ano passado. Dois engenheiros que atuavam na obra foram indiciados. Um deles era responsável pela execução, contratado pela empresa vencedora da licitação. O outro era da Casan e responsável pela fiscalização.
O rompimento do reservatório ocorreu em 6 de setembro no bairro Monte Cristo, na periferia da cidade. Na ocasião, mais de 2 milhões de litros d'água invadiram a Rua Luís Carlos Prestes, destruindo diversas casas e carros na região. Duas pessoas ficaram feridas e 386 foram atingidas diretamente.
Investigação e indiciamentos
De acordo com a corporação, dois fatores foram determinantes para a conclusão do inquérito, um deles foram os resultados dos laudos apresentados pela Polícia Científica, sendo que foram realizadas duas perícias consideradas complexas, gerando um laudo primário e outro complementar. Os resultados foram apresentados somente em dezembro do ano passado.
Como alguns questionamentos da Polícia Civil não foram esclarecidos pelos laudos da Polícia Científica, foi necessária manifestação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-SC) sobre a qualificação dos dois engenheiros envolvidos também para a conclusão do inquérito. Estas respostas só chegaram à Polícia Civil em março deste ano.
Só depois disso, os depoimentos das testemunhas e dos envolvidos na obra foram analisados pelos investigadores. A investigação apontou que a causa do rompimento foi basicamente a divergência do material que foi utilizado na obra e o que estava previsto no projeto estrutural. Segundo laudo da PCI, esse material foi usado em quantidade inferior ao previsto no projeto, causando o rompimento de um dos reservatórios.
Conforme constatou o laudo da perícia, o colapso da estrutura aconteceu pela incapacidade da parede estrutural transferir aos pilares adjacentes os esforços exercidos pela quantidade de água que havia no interior no reservatório.
Por meio do diário da obra, foi possível constatar quem eram os dois engenheiros responsáveis pela etapa da obra em questão, tanto pela execução quanto pela fiscalização. Eles foram indiciados na modalidade culposa pelos crimes de inundação e desabamento, ambos qualificados pelas lesões corporais geradas aos moradores do entorno. Além disso, eles foram indiciados também pelo dano ambiental causado na região.