O celular segue como o principal meio de acesso à internet no Brasil, utilizado por 98,8% dos internautas, de acordo com dados da PNAD Contínua sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), divulgada nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). Pela primeira vez, mais da metade dos usuários (53,5%) também acessaram a rede por meio da televisão — um crescimento expressivo que reflete o avanço de plataformas de streaming e outros serviços digitais.
Em 2024, o número de pessoas com 10 anos ou mais que utilizaram a internet nos três meses anteriores à pesquisa chegou a 168 milhões, o equivalente a 89,1% da população nessa faixa etária. Em 2016, esse índice era de 66,1%. A maior expansão no período ocorreu na zona rural: o percentual saltou de 33,9% para 81,0%.
Apesar de ainda ser bastante utilizado entre estudantes de ensino superior, o computador vem perdendo espaço ao longo dos anos. Em 2016, 63,2% dos usuários acessavam a internet por esse meio; em 2024, esse número caiu para 33,4% — o menor da série histórica. Entre estudantes universitários, no entanto, o uso segue elevado: 77,4% na rede pública e 77,5% na privada.

Uso por faixa etária e escolaridade
Os dados mostram que 95,2% dos usuários acessam a internet todos os dias. Entre os estudantes, o uso atinge 92,4%, com destaque para a rede privada (97,0%) frente à pública (90,0%). No ensino fundamental, a diferença é de quase 9 pontos percentuais: 94,2% na rede privada contra 85,4% na pública.
Já entre idosos, o crescimento foi o mais expressivo: o percentual de pessoas com 60 anos ou mais que acessam a internet saltou de 44,8% em 2019 para 69,8% em 2024. Entre os que têm entre 50 e 59 anos, o crescimento foi de 15,5 pontos percentuais, passando de 74,4% para 89,9%.
Desigualdades em queda
A pesquisa também revela uma redução nas desigualdades de acesso à internet. Em 2024, 90,0% das pessoas brancas usaram a internet, contra 88,6% das pardas e 88,4% das pretas. Em 2016, essa diferença era mais acentuada: apenas 60,3% das pessoas pardas e 63,9% das pretas acessavam a rede.
Houve ainda um avanço regional. A região Centro-Oeste manteve a maior proporção de internautas (93,1%), mas o Norte (88,2%) e o Nordeste (87,2%) apresentaram os maiores crescimentos em relação ao ano anterior. Desde 2019, a proporção de usuários subiu 18,2 p.p. na região Norte e 17,2 p.p. no Nordeste.
Finalidade do acesso
Conversas por chamadas de voz ou vídeo continuam sendo a principal atividade na internet (95,0%), seguidas pelo envio de mensagens por aplicativos (90,2%) e assistir a vídeos (88,5%). O acesso a bancos e instituições financeiras foi a finalidade que mais cresceu entre 2022 e 2024, passando de 60,1% para 71,2% — um acréscimo de 22 milhões de usuários.
Acesso gratuito cresce entre estudantes da rede pública
Cerca de 10,5% dos usuários acessaram a internet de forma gratuita em estabelecimentos públicos como escolas, universidades e bibliotecas. Esse percentual salta para 29,6% entre estudantes — e chega a 34,3% entre os da rede pública. O maior uso gratuito ocorreu entre alunos do ensino superior público: 52,3% usaram a internet gratuitamente em instituições de ensino ou bibliotecas.

Motivos para não usar a internet
Apesar dos avanços, 10,9% da população com 10 anos ou mais ainda não acessa a internet. Os principais motivos são: não saber usar (45,6%) e não ver necessidade (28,5%). Entre os idosos, 66,1% alegam falta de conhecimento como principal motivo.
Entre crianças de 10 a 13 anos que não usaram a rede (8,6% do total de não usuários), o receio com privacidade e segurança aparece como um dos principais fatores (22,5%), o que pode refletir a preocupação dos pais ou responsáveis.
Segundo Gustavo Fontes, analista da pesquisa, “observamos mudanças importantes no uso de equipamentos para acessar a Internet. Houve um crescimento substancial do uso da televisão para esse fim, ultrapassando, em 2024, mais da metade dos usuários da Internet, o que pode refletir, entre outros fatores, o avanço das plataformas de streaming”. Ele também destaca uma possível estabilização da queda no uso do computador, sobretudo entre estudantes.