A Justiça condenou duas mulheres pelo assassinato brutal de uma jovem de 27 anos, em Braço do Norte, no Sul de Santa Catarina. A ex-sogra da vítima e a atual mulher do ex-companheiro dela foram consideradas culpadas por sequestro, cárcere privado, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
O crime aconteceu em um sábado, dia 21 janeiro de 2023, e chocou a região. O corpo da vítima identificada como Jéssica Elias da Rosa, só foi encontrado dois meses depois, enterrado em uma área de mata fechada.
As penas foram definidas em sessão do Tribunal do Júri: 29 anos, cinco meses e dez dias de prisão para a ex-sogra e 25 anos e oito meses para a atual companheira do ex-marido da vítima. Ambas seguirão presas em regime fechado. O processo corre em segredo de justiça.
Crime foi planejado em rede social
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), as duas mulheres atraíram a vítima usando um perfil falso em rede social, se passando pelo então companheiro da ex-sogra. Alegaram que tinham uma carta do ex-marido da vítima, que estava preso.
O encontro foi marcado para a madrugada de 21 de janeiro — mesmo dia em que o filho mais velho da vítima fazia aniversário. Desconfiada ao ver quem a aguardava, ela tentou fugir, mas foi perseguida, atropelada de leve e forçada a entrar no carro das rés.
A jovem foi levada para a casa da ex-sogra, onde passou dias em cativeiro. Foi amarrada, amordaçada, agredida e transportada diversas vezes, inclusive no porta-malas de um carro. Na segunda-feira seguinte, depois de mais agressões, entrou em estado grave e acabou sendo asfixiada pelo então companheiro da ex-sogra. O corpo foi enterrado no mesmo dia em um sítio da região.
Corpo foi desenterrado e enterrado novamente
Sete dias depois, com medo de que o corpo fosse encontrado, os autores voltaram ao local, desenterraram a vítima e a esconderam novamente em outra parte da mata, com a ajuda de mais um envolvido — o outro filho da ex-sogra, irmão da atual companheira do ex-marido.
O corpo só foi encontrado em 23 de março, quando o companheiro da ex-sogra decidiu colaborar com a polícia e revelou o local da cova. O julgamento deles em 18 de outubro de 2024.
Outros envolvidos também foram condenados
O então companheiro da ex-sogra, que participou diretamente do sequestro e do assassinato, foi condenado a 21 anos, oito meses e 15 dias de prisão.
Já o filho da ex-sogra, que ajudou na segunda ocultação do corpo e ameaçou o padrasto para que assumisse a culpa sozinho, foi condenado a dois anos, seis meses e 10 dias de reclusão, em regime semiaberto.
Família se emocionou com o resultado
Parentes da vítima acompanharam o julgamento. A sobrinha dela, emocionada, disse que a condenação traz um pouco de alívio:
“Ela era uma pessoa de sorriso fácil, não guardava rancor. Era batalhadora, trabalhadora. Falar dela agora se torna mais tranquilo, porque agora ela realmente vai poder descansar. Nada traz minha tia de volta, mas isso me dá paz. Me dá certeza de que nem tudo está perdido”.
Atuação do MPSC
O Ministério Público foi representado pelas Promotoras de Justiça Daianny Cristine Silva Azevedo Pereira e Mariana Mocelin, da Comarca de Braço do Norte, e pelo Promotor Marcelo Sebastião Netto de Campos, do Grupo de Atuação Especial do Tribunal do Júri (GEJURI).
O grupo foi acionado devido à complexidade do caso. Segundo os promotores, foi necessário cruzar dados de antenas de telefonia, laudos periciais e registros de chamadas para comprovar a autoria.
“Condenamos as mentoras intelectuais do crime. Foi possível finalmente dar justiça à família”, afirmou a Promotora Daianny.
“Foram mais de 19 horas de julgamento. Saímos satisfeitos com essa resposta da sociedade”, completou Mariana.