O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), realizou na manhã desta terça-feira (31) uma operação contra uma quadrilha de estelionatários que agia em Santa Catarina e no Paraná. Os investigadores cumpriram 45 mandados de busca e apreensão e 33 de prisão em quatro cidades catarinenses e duas paranaenses.
A megaoperação, denominada Operação Repasse, investiga os crimes de estelionato, falsidade ideológica, falsificação de documento e lavagem de dinheiro. A ação contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Gaeco do Ministério Público do Paraná (MPPR).
As ordens judiciais expedidas pela 2ª Vara da Comarca de Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí, foram cumpridas em Joinville, Jaraguá do Sul, Balneário Camboriú e Blumenau, além das cidades paranaenses de Curitiba e Pontal do Paraná. Conforme a PRF, duas prisões foram efetuadas em Joinville. Entre os itens apreendidos, há armas de grande porte, joias, celulares, máquinas de cartão e 14 veículos importados e de luxo.
Lucro milionário com anúncios falsos de carros
De acordo com as investigações, o grupo publicava falsos anúncios de veículos na internet usando perfis de empresas fictícias e, a fim de captar clientes, replicavam esses anúncios em grupos de aplicativos. Atraídos pelas ofertas e convencidos pelos criminosos, as vítimas eram induzidas a realizar pagamentos de entrada ou dar um valor como “sinal”.
Após o primeiro pagamento, conforme o Ministério Público, um falso documento era enviado ao comprador lesado para convencê-lo a fazer a quitação da compra e, assim, ter o veículo entregue. Das vítimas, era cobrada, ainda, uma taxa referente ao suposto transporte do veículo até o endereço desejado para a entrega.
Os investigadores apontam que os valores transferidos pelas vítimas do golpe eram rapidamente transferidos para outras contas bancárias e sacados em espécie para serem repartidos aos integrantes do grupo criminoso. Ficou comprovado também que a organização utilizava sistema bancário por meio de pessoas utilizadas como laranjas para disfarçar a origem ilícita do dinheiro e sacar as quantias.
Segundo o MP, os integrantes do grupo tiveram ganhos milionários com anúncios falsos de carros e movimentaram cerca de R$ 6 milhões em 45 dias.
Início da investigação
A investigação iniciou em maio de 2023 por meio de um procedimento investigatório criminal (PIC) instaurado pela 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Ituporanga após vítimas da organização criminosa na região terem denunciado o caso ao Ministério Público.
O nome da operação se refere ao jargão utilizado em revendas, quando o veículo é ofertado por preço de "custo" aceito como parte de pagamento na compra de um veículo novo ou de maior valor.