A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DRLD/DHPP), deflagrou na manhã desta quarta-feira (11) a Operação Renovatio, com apoio da Brigada Militar. Foram cumpridas 15 ordens judiciais em Porto Alegre e Guaíba: 12 mandados de busca e apreensão e três de restrição de veículos.
Até o momento, foram apreendidos cerca de R$ 40 mil em espécie, quatro veículos, joias, drone, documentos, um simulacro de pistola e celulares.
A operação é um desdobramento de investigações iniciadas após uma ação em novembro de 2024, que identificaram a continuidade das atividades criminosas por parte dos investigados, especialmente no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. As apurações também conectam os suspeitos a um homicídio ocorrido em março deste ano.
Segundo o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, a vítima foi encontrada parcialmente carbonizada às margens do Rio Guaíba, próximo à Avenida Diário de Notícias, em Porto Alegre. A investigação ficou a cargo da 6ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa.
“São investigadas movimentações financeiras suspeitas, ocorridas entre dezembro de 2021 e 2025, em um montante que ultrapassa os 10 milhões de reais. A investigação apurou, ainda, a aquisição e o fornecimento de telefones celulares a membros da facção detidos no sistema prisional”, relatou o delegado.
Conforme a polícia, um dos investigados teria comprado mais de 20 celulares em uma loja de shopping da Capital e os encaminhado para o sistema prisional, permitindo a continuidade do tráfico mesmo de dentro da cadeia.
As investigações também apontam que dois irmãos, considerados lideranças da facção, estavam adquirindo automóveis — alguns de luxo — em nome de laranjas, comprando imóveis e construindo um prédio na zona leste de Porto Alegre. Um deles possui antecedentes por homicídio.
Foi identificado ainda um esquema com uma grande empresa do ramo de reciclagem, que teria adquirido materiais fornecidos pelo grupo, efetuando o pagamento por meio da compra de bens móveis. Há outras pessoas jurídicas suspeitas de serem usadas para lavagem de dinheiro.
“Cabe salientar que não há renda aparentemente lícita por parte dos investigados que justificasse o aumento significativo do seu patrimônio”, destacou o delegado Rodrigo Garcia.
O diretor do DHPP, delegado Mario Souza, ressaltou que a operação integra o Protocolo das 7 Medidas de Enfrentamento aos Homicídios, em especial a medida nº 5, que trata da repressão financeira:
“A repressão ao crime de lavagem de dinheiro visa enfraquecer o poderio financeiro dos grupos criminosos, justamente para evitar que essas usem o dinheiro ilícito para financiar a prática de homicídios”, afirmou.